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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Cristologia


Setebrae
Seminário Teológico do Betel Brasileiro e Ação Evangélica
Graduação em Teologia e Missiologia integral
Professor: Gildelânio - Disciplina: Vida de Cristo


AS DUAS NATUREZAS DE JESUS CRISTO
 

                                        Aluno:  Messias Moura dos Santos




Campina Grande – PB
Junho/2012



INTRODUÇÃO

         Se existe uma doutrina de grande importância no cristianismo, essa é a doutrina da natureza de Cristo - Sua divindade e humanidade.  É somente nesta axiomática doutrina que está edificada a fé cristã. As Escrituras cristãs, compostas por 66 livros do Velho e Novo Testamentos, enfatizam a necessidade de um Redentor para os homens que estão em pecado. Todos eles estão mortos, perdidos e sob a ira de Deus, à espera do julgamento final pelos seus pecados, a não ser que o Salvador os resgate. Esse Salvador não é apenas um bom mestre, um homem sábio, como alguns supõem. O Redentor da Bíblia cristã é o próprio Deus, que toma na carne a forma humana e morre pelos pecados do Seu povo. Ele é o único homem-Deus, uma Pessoa com duas naturezas não misturadas, mas unidas. Não existe religião alguma com a Divindade de um Redentor e a complexidade das duas naturezas do Messias. Sim, existiram muitas religiões de mistério na antiguidade, as quais, de um modo ou de outro, enfatizaram uma divindade ou um semideus, vindo para salvar os homens, ou ajudá-los de várias maneiras. Porém nenhuma delas enfatizou a divindade suprema de um Deus Todo-Poderoso, o qual tomou a forma humana, para salvar do horror de Sua própria ira alguns que estavam mortos em ofensas e pecados. Neste ponto, Jesus Cristo permanece exclusivo. Maomé, Krishina, Buda e outras figuras religiosas jamais fizeram as afirmações que Cristo fez. Eles jamais afirmaram ser Deus. Jesus Cristo foi o único homem que afirmou ser Deus e manteve essa afirmação, sempre e sempre. Neste estudo veremos que os escritores bíblicos afirmaram constantemente que o seu Salvador era Deus em carne. Maomé, Krishina, Buda e outras figuras religiosas, mantiveram todos a afirmação de serem mais iluminados do que os outros, ou divinamente tocados, mas nunca que eram Deus. Como poderiam fazê-lo? Como poderiam eles comprovar suas afirmações? Porventura eles podiam ressuscitar os mortos? Podiam transformar água em vinho? Podiam andar sobre o mar? Não! Somente Jesus Cristo e unicamente Cristo, afirmou ser Deus.
         O objetivo deste trabalho é, portanto demonstrar o inegável testemunho bíblico ao fato histórico de que Jesus Cristo, o único Redentor dos homens, é o Deus Encarnado. O Deus-homem, de Natureza Humana e Natureza Divina. Somente Ele fez essa afirmação, de ser Deus. Não se houve outro dizer o mesmo jamais, pois somente ele detinha não apenas o Título de ser o Filho de Deus, mas de Ser o Próprio Deus. Os registros bíblicos tornam isso constantemente conhecido e a Evidência de Sua Ressurreição se encarrega de comprovar que Ele não está mais no Túmulo.


  I. Exemplificações Veterotestamentária de que Jesus é Deus.

         Começo usando algumas profecias do Velho Testamento, a fim de provar que o Messias vindouro era Divino. Ele não era especial de alguma maneira abstrata, mas o próprio Deus. O servo sofredor de Isaías 53 não é apenas um homem que morre na cruz. Esta seria uma morte sem significação alguma, pois muitos outros homens já haviam morrido crucificados, muito antes de Jesus Cristo vir à Terra. Em vez disso, as profecias do Velho Testamento confirmam enfaticamente e provam a divindade do Messias como Deus.

         Primeiro, numa nota preliminar, é importante salientar que o finito não pode conter o infinito. Seres humanos não compartilham dos atributos incomunicáveis de Deus, em hipótese alguma. Seres humanos não podem ser infinitos, eternos, imutáveis, etc. Eles são criaturas limitadas e não podem se tornar Deus, nem tomar os Seus atributos. Com o Messias, isso também é verdade. Contudo, Deus pode adicionar-se à natureza humana, sem misturar Sua divindade com a humanidade. Essa ligação é feita sem a mistura das duas naturezas. A natureza humana continua a ser humana e a natureza divina, sempre divina, embora numa só pessoa. O Filho de Deus possui duas naturezas. É uma Pessoa com duas naturezas. A completa união desta natureza é um mistério, mas essencial e necessário, conforme a Bíblia ensina. As Escrituras atestam este fato numa variedade de exemplos. Menciono aqui que Deus não pode compartilhar Sua divindade na natureza da humanidade do homem. Isto é importante, quando se consideram os versos referentes ao unigênito Filho do Pai e provas idênticas. Deus não pode criar outro Deus, nem um homem pode se tornar Deus. Dizer isso é deixar de pensar, penetrando no reino da fantasia. Não estamos falando de Zeus ou Hermes, figuras fantásticas criadas, os quais são homens com extraordinários poderes (como os nossos super-heróis de hoje). Em vez disso, estamos falando de um ser. Deus não pode compartilhar o Seu Ser com criatura alguma. Ele só pode compartilhar o Seu Ser dentro de Si mesmo. Veremos, então, que Jesus Cristo é Deus e que o Filho de Deus é o segundo membro na economia Divina, embora tendo uma natureza humana. O Filho é da mesma substância do Pai e do Espírito, igual e totalmente Deus. Contudo, o Filho tomou a natureza humana, como o homem Jesus Cristo. Aqui, Jesus continua dizendo que é Deus, Aquele que é o único e todo-poderoso. A Bíblia comprova que isto é verdade? Sim, ela o faz e de forma poderosa.

         No Velho Testamento existe uma porção de Escrituras que testificam que o Messias judeu que haveria de vir é Deus. Para os israelitas, o Messias profetizado seria o próprio Deus. Temos aqui algumas das mais memoráveis Escrituras que foram registradas. Vejamos:

         1) O Salmo 110:1 Atesta o diálogo entre Deus e Deus. Davi escreve: "Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés."Jesus usa isso lindamente contra os fariseus, quando indaga como poderia o Messias ser o Senhor de Davi e o seu filho ao mesmo tempo? A palavra aqui deve ser observada. A tradução literal diz: "Yahweh disse ao meu Adonai." O termo "Yahweh" corresponde ao nome de Deus, literalmente declarando "Eu Sou". Sempre que a designação Yahweh é usada na Bíblia em todo o Velho Testamento, ela se refere ao "Grande Eu Sou". O título "Adonai" é usado para designar a suprema posição de Deus como "Senhor". Então, Yahweh está falando para Adonai. Vemos aqui Deus falando para Deus. O escritor de Hebreus usa este Salmo diversas vezes para designar o ofício do Messias como o Sumo Sacerdote da ordem de Melquisedeque. Esta promessa, ou pacto, feito por Deus para Deus como o Messias é terrivelmente destrutiva para os que não crêem na Trindade. Aqui, o Messias é, pelo pacto, destinado à função Messiânica, como o Sumo Sacerdote de uma melhor aliança. Aqui, Deus fala com Deus. Vemos o eterno conselho em ação; filho de Davi e, contudo, o Senhor de Davi. 

         2) Daniel 7:13 é também um verso muito importante, e um dos meus favoritos. Nesse verso encontramos o título "Filho do Homem", não como um título de humanidade, mas de deidade: "Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele." Duas figuras são apresentadas nesta visão, uma do Ancião de Dias e uma do Filho do Homem, que vinha nas nuvens do céu, ou a glória shekiná do céu. Quem quer que seja o Filho do Homem, Ele é Divino. De fato, Ele é tão brilhante em Sua glória, que brilha em Si mesmo como as nuvens do céu. Compactas nuvens de glória de brilho divino ilustram ante o Ancião de Dias, quando o Filho do Homem entra na Corte Divina e os livros do julgamento são abertos. Como veremos, a designação favorita de Jesus a Si Mesmo é este título: Filho do Homem. Ele certamente sabe que é o divino Filho do Homem, que compartilha a glória de Deus. De fato, Ele resplandece com o brilho da glória de Deus.

         3) Em Miquéias 5:2 encontramos a profecia do local de nascimento do Messias. Mas ela não apenas marca o local do nascimento da humanidade de Cristo, como também marca a dupla natureza de que Aquele que vai nascer é eterno: "E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade." Os dias do Messias são de 'eternidade'. Ao Messias são atribuídos incomunicáveis atributos divinos - como a eternidade ou a natureza do que é eterno. Somente Deus é eterno e, contudo, vemos que o Messias é considerado Eterno.

         4) Zacarias 13:7 também designa o Messias com o título divino de Deus Todo-Poderoso. Quando Cristo estava no jardim com Seus discípulos e foi preso, cumpriu-se a profecia de que o pastor seria ferido e as ovelhas se dispersariam: "Ó espada, desperta-te contra o meu pastor, e contra o homem que é o meu companheiro, diz o SENHOR dos Exércitos. Fere ao pastor, e espalhar-se-ão as ovelhas; mas volverei a minha mão sobre os pequenos." A chave aqui é "volverei a minha mão sobre os pequenos". O Senhor está falando de Si mesmo. Ele é o pastor que vai estender Sua mão sobre os pequenos [irmãos judeus] e os juntará para trazê-los de volta. Ele é o Messias e também o Senhor.

         5) Uma das profecias mais específicas referindo-se ao Messias é Isaías 9:6. Vamos ler o bem conhecido verso da natividade, referindo-se ao advento do Messias como um menino nascido e, em seguida, a designação que Lhe é dada: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz." Aqui, o Messias é chamado de Maravilhoso! Por quê? Uma resposta pode ser encontrada em Juízes 13, onde encontramos a narrativa do nascimento de Sansão. Os pais de sansão, Manoá e sua mulher, encontram-se com o Anjo do Senhor. Após longa conversa sobre o nascimento de Sansão, Manoá pergunta o nome do anjo. A resposta se encontra em Juízes 13:18: "E o anjo do SENHOR lhe disse: Por que perguntas assim pelo meu nome, visto que é maravilhoso?" O nome do anjo é Maravilhoso! Em geral, os anjos têm nomes como Gabriel ou Miguel. Contudo, esse anjo tem um nome maravilhoso demais para mencionar. Após a partida do anjo, Manoá faz uma importante declaração, conforme Juízes 13:22: "E disse Manoá à sua mulher: Certamente morreremos, porquanto temos visto a Deus." O anjo do Senhor, cujo nome é Maravilhoso, é Deus. Isso nos esclarece, quando consideramos Isaías 9:6. O Messias é Deus e o Seu Nome é Maravilhoso. Contudo, a profecia de Isaías não pára aqui. O Messias não apenas é chamado Maravilhoso, como Deus, mas também é chamado Deus Poderoso. Se essa designação não for bastante explícita, a profecia também O chama de Pai da Eternidade. O Messias não é apenas o Redentor terreno, mas o Deus Poderoso, Pai da Eternidade. Pai da Eternidade é a designação que Cristo dá a Deus, nos evangelhos. O Messias é chamado Deus nesse verso profético de Isaías, por três vezes: uma vez, sutilmente, como Maravilhoso. Uma vez, explicitamente, como Deus Poderoso e uma vez como o Pai da Eternidade. Portanto, o Messias é Deus!

         Estas profecias são apenas uma seção de cruzamento entre aqueles que falam do Messias como sendo divino. Mas cada um deles credita o Messias como Deus. O Messias, ou o Cristo, que virá é o Senhor Deus do céu e da terra. As projeções das Escrituras do Velho Testamento respaldam este assunto. Isso é inegável, visto como o Novo Testamento confirma as projeções do Velho Testamento como o fato histórico na vida de Jesus Cristo.

 II. O Novo Testamento Apresenta Provas de que Jesus é Deus.

         O Novo Testamento não deixa qualquer dúvida sobre Cristo ser o Messias ou que o Messias é Deus. Jesus falou isso de Si mesmo e os apóstolos falaram sobre Jesus, mesmo depois que Ele subiu ao céu, e em todas as cartas do Novo Testamento dirigidas às igrejas. Negar esse fato é reinterpretar a mensagem da Bíblia, desprezando o próprio texto - algo que a maioria das pessoas que odeia a Cristo faz. Examinar o texto e tratar honestamente com o mesmo é ver a divindade de Jesus Cristo como o único verdadeiro Deus.

         1) Vamos começar um breve exame dessas passagens com o texto constantemente explorado de João 1:1-3: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez." O Verbo aqui mencionado é Cristo. João utiliza uma efetiva designação do Logos Eterno, a fim de que sua audiência gentia/romana ficasse convencida de que o Verbo Eterno, o Eterno Logos, era Aquele que desceu do céu. Esta seria, e de fato foi, uma ferramenta efetiva no ensino aos gentios aristotelianos e platônicos sobre o Único Deus Verdadeiro. Vemos aqui que o Verbo Eterno é o próprio Deus. O texto grego não permite uma tradução de "um Deus", mas somente de "Deus". As Testemunhas de Jeová assassinaram o texto grego aqui e também negaram a sua tradução nos versos seguintes. Por exemplo, se o texto diz "um Deus", então essa tradução deveria ser usada no restante do capítulo. A mesma construção usada no verso 1 é também usada mais 13 vezes no capítulo, referindo-se ao próprio Jeová. Ora, se as Testemunhas de Jeová traduzem o verso 1 como "um deus", então deveriam traduzir os demais 13 versos sobre Jeová com sendo Ele "um deus". Contudo elas não o fazem porque isso iria prejudicar a sua falsa ambição teológica. Elas simplesmente negam que Jesus Cristo é Deus, traduzindo horrivelmente o verso 1 e depois traduzindo corretamente o restante da passagem, visto como esta se refere a Jeová. Esta é uma interpretação satânica, a fim de negar a divindade do Verbo. Em vez disso, o Verbo é Deus, vindo de Deus e Criador de todas as coisas. Ele é o eterno Verbo de Deus, o exato Logos do próprio Deus, o qual veio à Terra em forma de homem, a fim de salvar Seu povo.

         2) Paulo não confunde as palavras sobre Deus manifestado em carne de homem, quando diz em 1 Timóteo 3:16: "E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória." Quem foi manifestado em carne? Foi Deus. Não foi um ser semelhante a Deus, mas o próprio Deus. Deus tomou a forma de servo. Adotou em Si mesmo uma nova natureza, que antes não havia adotado: uma natureza humana.

         3) Sabemos que Jesus Cristo é o Salvador dos cristãos. Sabemos, por inúmeras passagens do Novo Testamento, que os apóstolos acreditavam que "Em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos." (Atos 4:12). Isto é axiomático para os apóstolos - Jesus é o Salvador. É o Seu sacrifício que salva os homens. Em Atos 20:28, vemos o registro de Lucas sobre a obra de Cristo ser atribuída ao próprio Deus: "Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue." Esse "Ele" é o próprio Deus. Ele comprou a igreja com Seu próprio sangue. Deus tem sangue? Sim, Ele tem sangue pela natureza humana de Jesus Cristo. Ele morre e o seu sangue é considerado como o sangue de Deus. Eles são sinônimos. Desse modo, os cristãos são remidos da condenação eterna pelo sangue do próprio Deus. Lucas descreve a obra de Jesus como aquela que é feita por Deus. Isso é verdade porque Jesus é Deus e todos os Seus apóstolos o sabiam. De outro modo, teria sido blasfêmia honrar um simples homem mortal por uma obra que somente Deus poderia fazer.

         4) No Livro de Hebreus vemos o escritor citando muitas passagens do Velho Testamento, comprovando a divindade do Messias como Deus. Em Hebreus 1:8-9, diz o escritor: "Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; cetro de eqüidade é o cetro do teu reino. Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu Com óleo de alegria mais do que a teus companheiros." Aqui, ele está citando o Salmo 45:7: "Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que a teus companheiros." Vemos aqui Deus falando com Deus. O Ungido tem um trono e este é o Trono de Deus. O escritor de Hebreus está provando que Cristo é maior do que Moisés e maior do que os anjos, o que teria sido um choque para os neoplatonistas, contra os quais ele está escrevendo. Os platonistas acreditavam em um supremo, único e perfeito Ser. Esse "Único" tem emanações que fluem do Seu ser perfeito para os serem inferiores, isto é, Moisés, os anjos e até mesmo os mestres como Jesus. Mas o autor de Hebreus prova que o Messias é o Único, o próprio Deus eterno, superior a Moisés e a todos os anjos.

 III. A Pré-Existência do Filho.

         Uma área que eu gostaria de acrescentar é mais notável do que tudo o mais, ou seja, a natureza pré-existente do Filho de Deus. Aqui vemos que Jesus, o Filho de Deus, sempre existiu. Ele não é um ser criado na natureza de Sua Divindade como Filho, mas Ele mesmo usou Sua Divindade para criar a carne de Jesus Cristo. A Bíblia não apóia o arianismo. Jesus não é o primeiro ser criado, mas o único Ser auto-suficiente, o Deus que sempre existiu, infinitamente.

         Em João 3:13 vemos que o Filho sobe e desce do céu: "Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu." Conforme Sua imanência, vemos que Sua origem é "do céu" e que do céu Ele "desceu". Isso é reiterado em João 6:38: "Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou." Se isso não fosse verdade, Jesus teria dito que nasceu de Maria e José, a fim de fazer a vontade do Pai que O enviou. 

         Ele ainda atesta que ninguém viu o Pai, exceto Ele: "Não que alguém visse ao Pai, a não ser aquele que é de Deus; este tem visto ao Pai." (João 6:46) Isso mostra que Jesus sabia de Sua natureza divina, e que Ele estava com o Pai, antes da formação do mundo. Somente Ele viu o Pai e sua residência com o Pai é atestada em João 6:62. Aqui Jesus sobe ao céu, de onde veio: "Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava?" Ora, se estas palavras não são bastante claras, o Eterno Logos do Evangelho de João diz aos judeus: "Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo." (João 8:23) Se esta declaração fosse falsa, todo o cristianismo e todos os cristãos, desde o tempo de Cristo até agora, estariam participando de uma farsa. Eles iriam apresentar-se como sendo o povo mais estúpido e ignorante de todos os tempos. Em vez disso, os discípulos jamais se abstiveram dessa declaração porque bem conheciam a verdade da mesma.        Não somente Cristo havia comprovado isso, como eles também a haviam testemunhado a divindade Dele no Monte da Transfiguração.

         Sua afirmação permanece, de ter Ele residido com o Pai, segundo João 8:42: "Disse-lhes, pois, Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou." Ele tinha uma íntima relação com o Pai, o que comprova a Sua eterna Divindade... Também em João 16:28, lemos: "Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo, e vou para o Pai." Como o Pai é Deus, Jesus saiu do Pai e regressou à exclusiva relação com Ele, isso comprova, maravilhosamente, a Sua pré-existência eterna, como o Filho de Deus. Se Jesus Cristo não é Divino, então o Pai também não o é, pois ambos são UM.

* Argumento do Teoólogo,  Augustus Hopkins Strong  Sobre: A UNIÃO DAS DUAS NATUREZAS DE JESUS.

         “Cristo não tem duas consciências e duas vontades, mas uma só consciência e uma só vontade. Esta consciência e vontade, contudo, nunca é simplesmente humana, mas é sempre teantrópica – atividade de uma pessoalidade eu une em si a humana e a divina (Mc 13.32; Lc 22.42)”.

         “O pai e a mãe humanos são pessoas distintas e cada um dá aos seus filhos algo da sua própria natureza peculiar; contudo, o resultado não são duas pessoas no filho, mas uma pessoa com uma consciência e uma vontade. Assim a Paternidade de Deus e a maternidade de Maria não produziram uma dupla pessoalidade em Cristo, mas só uma”.

         “A união das naturezas divina e humana torna esta possuída dos poderes pertencentes àquela; em outras palavras, os atributos da natureza divina são outorgados à humana sem passar por sobre sua essência, - de modo que o Cristo humano, mesmo na terra, tinha poder para ser, conhecer e agir como Deus. Que este poder era latente, ou raramente manifesto, era o resultado do estado de auto-escolha da humilhação na qual o Deus-homem entrou. Neste estado de humilhação, a comunicação do conteúdo da sua natureza divina com a humana foi mediada pelo espírito Santo. O Deus-homem, em sua forma de servo, conhecia, ensinava e fazia só o que o Espírito santo permitia e dirigia (Mt 3.16; Jo 3.34; At 1.2; 10.38. Hb 9.14). Mas quando havia permissão, ele conhecia, ensinava e fazia, não como os profetas, pelo poder comunicado de fora, mas em virtude de sua própria energia (Mt 17.2; Mc 5.41; Lc 5.20.21; 6.19; Jo 2.11. 24,25; 3.13; 20.19)”.

         A união da humanidade com a divindade na pessoa de Cristo é indissolúvel e eterna. Diferentemente dos avatares do Oriente, a encarnação foi a admissão da natureza humana pela segunda pessoa da Trindade. Na ascenção de Cristo, a humanidade glorificada atingiu o trono do universo. Por seu espírito, este mesmo Salvador divino-humano é onipresente para assegurar o progresso do seu reino. A sujeição final do Filho ao Pai, mencionada em 1 Co 15.28, não pode ser outra senão o completo retorno do Filho à sua relação original com o Pai; visto que, segundo João 17.5, Cristo deve novamente possuir a glória que tinha com o Pai antes que o mundo existisse (cf. Hb 1.8; 7.24,25).

         Nossa investigação da Escritura, ensinando a respeito da pessoa de Cristo leva-nos a três importantes conclusões: 1. que a divindade e humanidade, o infinito e o finito, nele não são mutuamente exclusivos; 2. que a humanidade em Cristo difere da sua divindade não meramente em grau, mas em gênero; e que 3. esta diferença em gênero é diferença entre o infinito original e o finito derivativo, de modo que Cristo é a fonte da vida, tanto física como espiritual, para todos os homens.

         Dito isto, podemos dizer que Maria gerou a natureza divina de Cristo? Não. O Verbo eterno se fez carne o ventre de Maria. Já era eterno, já era divino, já era Deus (João 1.1,2,3,14). No mistério de Sua encarnação, Ele se fez Deus-homem. Portanto, Maria não é “Mãe de Deus”. O Santo foi gerado no seu ventre de forma sobrenatural, e o sobrenatural ao pode ser explicado pela lógica humana.

Fonte: Teologia Sistemática, Augustus Hopkins Strong


IV. As Duas Naturezas da Pessoa de Cristo

         Veremos neste ponto da discussão que há evidências bíblicas e teológicas acerca das duas Naturezas na Pessoa do Salvador. Tal fato se demonstra, na analise dos que se segue abaixo.  

“Conquanto o assunto da unio personalis [ou união pessoal] seja um mistério muito grande, somente precedido em profundidade pelo mistério da união das três pessoas da Trindade, não podemos nos furtar a estudá-lo...” (Héber C. Campos, “A união das naturezas do Redentor”, p. 16); [citação entre colchetes de nossa parte].

         Quando Cristo esteve entre nós, passou por diversas situações tipicamente humanas, teve um crescimento físico normal como todo ser humano (Lc 2:7,39,52), passou fome e sede (Mt 4:2; Jo 4:7), desfrutou de uma amizade, da perda de um amigo (Jo 11:35-36; 13:23) e sofreu tentações (Mt 4:1-10; Hb 4:15; 5:7).

         Porém, o Filho de Deus é eterno, assim como o Pai e o Espírito Santo também o são. Quando a Segunda Pessoa da Trindade encarnou, recebendo, assim, a natureza humana oriunda de Maria, que gerou a Jesus Cristo em seu ventre pelo poder do Espírito Santo (Lc 1:30-35), esta natureza humana foi unida à Sua já eterna natureza divina em uma só Pessoa.

          Portanto, o Senhor Jesus Cristo, após a sua encarnação, passou a possuir duas naturezas concomitantemente: a humana e a divina, mas, sem que uma natureza comprometa a outra. A               Sua divindade não o torna menos humano e a Sua humanidade não o torna menos divino
(Rm 1:2-4; 9:5; Fp 2:5-7).

         Este é mais um mistério dentro do grande mistério da Trindade. A união destas duas naturezas em Cristo foi possível pelo fato de que o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, ou seja, natural e moralmente parecido com Deus (Gn 1:26-27), por isso, possuidor de uma certa afinidade com Ele (2Pe 1:4).

         Deus jamais iria se encarnar em um ser irracional e sem alma. É importante salientar, entretanto, que a natureza humana de Cristo não é decaída como a nossa, ela não compartilha da pecaminosidade que acompanha a humanidade desde a “queda” de Adão e Eva (Rm 5:20-21; Hb 4:15; 7:26) e que a Segunda Pessoa da Trindade não encarnou em um ser humano já existente, o que seria um absurdo. Neste caso então à Trindade teria se somado mais uma pessoa e passaria a ser uma “Tetrindade” (quatro pessoas). Héber Campos sabiamente trouxe considerações que nos auxiliam neste estudo:

“Jesus Cristo é o Verbo divino que se fez carne. Ele não é metade homem. Ele é plenamente Deus e plenamente homem. Na encarnação não houve nenhum acréscimo à sua natureza divina, mas o Verbo adquiriu uma natureza humana que não possuía antes da encarnação. Ele não é meramente um homem que possui certas qualidades divinas dentro de si, nem o Deus que possui algumas qualidades humanas, mas ele é perfeitamente Deus e perfeitamente homem, possuindo ambas as naturezas, a divina e a humana, de modo que ele é Deus cem por cento e homem cem por cento, possuindo todas as propriedades de cada natureza (...)” (“As duas naturezas do Redentor”, p. 101).


“...De Maria não iria nascer simplesmente e unicamente uma das naturezas do Redentor – a humana, porque esta natureza não seria personalizada, nem existiria antes e à parte de sua união com a Segunda Pessoa da Trindade, que possuía a natureza divina, o Verbo...Quando houve a união das duas naturezas numa manifestação poderosa do Espírito Santo no ventre da mãe, então passou a existir um ser pessoal em Maria que, depois de nove meses, saiu do seu ventre...” (p. 103).

         Jesus Cristo é o Deus-homem, nosso Mediador diante de Deus Pai (1Tm 2:5). Jesus Cristo é o Filho de Deus, uma só essência com o Pai Celeste. Ele não só estava com Deus, mas também era (e é) Deus, Ele subsistia em forma de Deus (Jo 1:1; Fp 2:5-6). Jesus é o Deus unigênito que está em comunhão de essência com o Pai e O revelou ao mundo (Jo 1:18; 14:8-9).

         Ele é a imagem de Deus Pai, que é invisível (Cl 1:12-15). Ele é o resplendor da glória e a expressão exata de Deus Pai (Hb 1:1-3a). O Filho assumiu a natureza humana, estava no princípio com Deus como o Verbo (a Palavra). O próprio Pai declara o Filho como Deus (Hb 1:8-9). Cristo é o Emanuel, o Deus conosco (Mt 1:23; Is 7:14). Ele é chamado de Deus Forte (Is 9:6). Ele é Deus bendito para todo o sempre (Rm 9:5). Em Seu corpo físico reside toda a plenitude da Divindade (Cl 2:8-9). Ele é o nosso grande Deus e Salvador (Tt 2:13; 2Pe 1:1b). Ele é o verdadeiro Deus e a vida eterna (1Jo 5:20).

         Hermisten da Costa em sua obra “Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo” apresentou evidências bíblicas sobre a união pessoal de Cristo. Estes textos indicam claramente as duas naturezas simultâneas do Redentor, unidas em uma só “Pessoa”. Observemos:

“1) Jesus Cristo fala de si mesmo como uma única pessoa; não havendo o intercâmbio entre um ‘Eu’ e um ‘Tu’ entre as duas naturezas (Jo 17.1, 4, 5, 22, 23); 2) Os pronomes pessoais atribuídos a ele são sempre referentes a uma pessoa; 3) Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, não havendo uma preponderância do divino sobre o humano nem do humano sobre o divino. Não podemos falar biblicamente – como muitas vezes somos tentados a pensar – em Jesus agindo, pensando e falando como homem em alguns textos, e em outros como Deus. Jesus é o Verbo de Deus encarnado que vive, sofre, morre e ressuscita como tal. Jesus Cristo não tem personalidade fragmentada, sendo em alguns momentos Deus e em outros homem. Por isso, os atributos de sua divindade, bem como de sua humanidade, são atribuídos a uma só Pessoa. Leia com atenção os seguintes textos: Lc 1.43 – Mãe do Senhor. Lc 2.11 – Nasceu o Senhor. Jo 3.13 – O Filho do Homem está aqui e no céu (vd. Jo 1.18; 6.62). At 3.15 – Mataram o Autor da Vida. At 20.28 – Sangue de Deus. Rm 9.5 – Cristo, Deus bendito. 1Co 2.8 – Crucificaram o Senhor da Glória. Gl 4.4 – O Filho foi enviado para nascer. Hb 1.1-2 – O Filho é herdeiro de todas as coisas. Cl 1.13-20 – ‘Nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho de seu amor...Ele é a imagem do Deus invisível...havendo feito a paz pelo sangue de sua cruz...’. Cl 2.8-9 – Em Cristo habita a plenitude da divindade. Além dos textos citados, leia também: Mt 1.21; Lc 1.31-33; Fp 2.6-11, entre outros. 4) Todos os que se referiam a Jesus Cristo faziam menção de uma só pessoa (Mt 16.16; 1Jo 4.2)” (pp. 247-248).



CONCLUSÃO


         Nesta breve pesquisa, fica claro que não pode duvidar das afirmações das profecias referentes a Cristo; dos escritores da Bíblia e dos seus testemunhos sobre Cristo; dos registros daqueles que se opunham a Cristo (os quais queriam matá-Lo por causa de suas afirmações); dos que O adoraram e das afirmações do próprio Cristo. A verdade é que as profecias da Bíblia, os discípulos, os ouvintes, os seguidores, os oponentes e as palavras do próprio Cristo apontam para o inegável fato de que todos sabiam que Jesus Cristo é Deus. Eles O odiavam por causa disso ou então O adoravam. Jesus sabia que Ele é Deus. Ele confirmou isso através de Suas palavras, ações e testemunho da verdade. Ninguém pode chamar Cristo de "um bom Mestre". Essa é a voz de quem não é inteligente. Jesus Cristo não é "um bom Mestre" nem um "Homem Moral".
         Os que acham que Jesus foi apenas um bom Mestre ou um exemplo de moralidade, não estão levando em conta os registros bíblicos. Portanto, de acordo como a explanação deste trabalho a compreensão acerca da Pessoa de Cristo analisando as naturezas de sua Pessoa percebeu que o Cristo do Cristianismo Verdadeiro é realmente o Deus-homem, enviado por Deus Pai, para realizar uma missão que apenas Ele (Jesus Cristo), o Deus Encarnado, a Imagem expressa do Deus invisível, o Deus-Homem, o Logos Divino, era capaz de realizar: “A REDENÇÃO DO PECADOR”. As Escrituras afirmam continuamente a Divindade de Cristo, bem como sua Humanidade. Este é um fato inegável no registro bíblico.




BIBLIOGRAFIA



Campos, ao Heber Carlos de. A PESSOA DE CRISTO: As Duas Naturezas do Redentor. São Paulo – Ed. Cultura cristã, 2004.

Um comentário:

  1. Muito bom o texto. Tinha que ser de Messias, meu "filósofo" favorito. Que Deus o abençoe sempre enchendo-o de sabedoria.

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